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Professora é agredida por mãe de aluno após trocá-lo de lugar

Uma professora de 34 anos afirma ter sido agredida em uma escola municipal de ensino de Praia Grande, no litoral de São Paulo. A educadora relatou neste domingo (15), que ela foi vítima da mãe de um aluno da unidade, que a desferiu um soco, além de agredi-la verbalmente.

A agressão ocorreu na tarde desta sexta-feira (13), na Escola Municipal Professora Isabel Bréfere, no bairro Aviação. Conforme relata a professora, que prefere não se identificar, ela ministra aulas ao aluno ‘pivô’ da discussão desde o ano passado. Ele está no 5º ano e estuda no período da manhã.

“Durante o ano passado eu não tinha tido nenhuma indisposição, nem com a mãe e nem com o aluno. Já neste ano, logo no início das aulas, há cerca de um mês, o descontentamento dela começou por conta do lugar que o menino estava sentado. Eu o troquei de lugar porque ele conversava muito com os colegas e não prestava atenção na aula”, explica a profissional.

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De acordo com a educadora, após a mudança, a mãe do aluno foi até a porta da sala de aula e a questionou sobre a troca de lugar. “Eu expliquei que era para não atrapalhar a aula e os estudos dele, já que ele conversava muito. Porém, já alterada e bem agressiva na forma de falar, ela disse que eu estava o excluindo”, relembra.

A mulher teria saído e procurado a diretoria, mas foi informada que não haveria a possibilidade de mudança de classe, pois o prazo para essa transferência já havia acabado. “Depois disso, ela não foi mais na sala. Continuei a prática normal das minhas aulas, já que sempre passo olhando, de mesa em mesa, os cadernos de cada uma das crianças. Faço isso para ver se a lição está completa e anotar, para os pais acompanharem a situação”, diz.

Dois dias antes de ser agredida, a professora conta que escreveu no caderno desse estudante que a lição estava incompleta. Nesse período de tempo, conforme relata, o aluno já tinha tido atitudes inadequadas com colegas de classe. “Veio um pai reclamar semana passada da forma que esse menino falou com o filho dele. Fiz a ocorrência e mandei a convocação para a responsável, no mesmo dia que escrevi no caderno sobre a lição”, relata.

Após o ocorrido, a educadora relata que a mãe do aluno compareceu na escola para reclamar dela. Foi então que, na sexta-feira, durante a aula, a professora afirma que resolveu chamar o estudante para conversar, perguntando o que estava acontecendo.

“Ele falou que eu só fazia anotações no caderno dele e só dava bronca nele. Expliquei que não era isso e que agia assim com todos os alunos, quando necessário, e que, aquele tipo de pensamento era ridículo, porque como educadora tenho a função de ensinar com relação aos estudos. Ele [aluno] pegou as coisas dele e saiu sem a minha autorização, falando que falaria com o diretor”, afirma.

Neste mesmo dia, no momento em que a educadora estava indo embora da unidade de ensino, a mãe a encontrou na porta da escola. “Ela gritou que eu chamei o filho dela de ridículo. Colocou o dedo na minha cara e começou a distorcer tudo que eu tinha dito. Falei que nuca tinha feito isso e que não iria ficar perdendo o meu tempo com grosseria. Foi assim que ela deu um soco no meu rosto”, conta.

De acordo com ela, a situação mostra a falta de reconhecimento que os professores são obrigados a enfrentar no país. “Me senti extremamente humilhada porque tenho mais de 10 anos de trabalho e nunca precisei passar por isso. É bem complicado e triste. Venho todos os dias trabalhar para fazer o meu melhor, exerço minha profissão com amor e comprometimento e o mínimo que gostaria de ter é respeito”, desabafa.

A vítima acionou a Polícia Militar e registrou boletim de ocorrência por lesão corporal na Delegacia de Polícia de Praia Grande. Foram solicitados exames ao Instituto Médico Legal (IML).

Caso ocorreu na Escola Municipal Professora Isabel Figueroa Bréfere, em Praia Grande — Foto: Reprodução/Google Maps

Pai da criança

O pai do estudante, que não quis se identificar, explicou que o filho vinha se sentindo oprimido e humilhado com as atitudes da educadora há mais de 20 dias. “Ela vinha excluindo-o das atividades, humilhando-o e gritando também. Ele já estava sofrendo na escola”, diz.

Ele conta que a esposa procurou a diretoria da escola, na quinta-feira, para reclamar da forma como o filho vinha sendo tratado pela professora, mas eles não conseguiram realizar a transferência da criança para outra sala de aula.

“No dia seguinte, a professora foi intimar meu filho, falando que ele era ridículo, que tinha problema”, falou. Neste dia, segundo o pai, a criança saiu da sala de aula chorando. “Orientamos ele a nunca desrespeitar a professora. E como também ele não é obrigado a passar por isso, dissemos a ele que caso acontecesse, deveria sair da sala e avisar o diretor, como ele fez”.

De acordo com o pai, a confusão entre a mãe da criança e a professora ocorreu na sexta-feira. Ele diz que a esposa estava conversando com o diretor, quando a professora chegou e a tratou de forma agressiva.

“Ela colocou o dedo no rosto da minha esposa, a chamou de louca e ofendeu meu filho mais uma vez. Minha mulher foi apenas se defender e acabou relando no rosto da professora. Nós somos pessoas de família e não delinquentes. Cuido do meu filho com todo amor e carinho, para ela chegar e tratá-lo dessa forma, e, além de tudo, expor a nossa vida”, diz.

Caso foi registrado na Delegacia Sede de Praia Grande como lesão corporal — Foto: João Paulo de Castro/G1

Prefeitura

Em nota, a Prefeitura de Praia Grande ressalta que repudia qualquer tipo de agressão. A Administração Municipal informa que a Secretaria de Educação (Seduc) está analisando os fatos, a fim de adotar as devidas providências .

A Seduc ressalta que a professora tomou medidas adequadas para solucionar problemas na sala de aula. A pasta está dando todo respaldo para a profissional, inclusive, disponibilizando o atendimento psicológico.

Fonte: Beto Ribeiro Repórter


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