Categorias

Depois de 7 dias internada na UTI, professora garante: “nasci de novo”

Eliana, após receber alta, ao lado de enfermeiros e do marido: "Nasci de novo, mas tive medo de morrer" - Crédito: Arquivo pessoal

Voz mansa e pausada. Além de dificuldades para falar. A parte mais difícil é ter passado, uma “eternidade” de 7 dias na maior solidão, sem o carinho do marido, o abraço da filha e o calor dos familiares. Agora é olhar para frente. Mas serão aproximadamente 3 meses de recuperação, já que os pulmões foram seriamente afetados por um maléfico vírus denominado Sars-Cov-2.

A professora e aluna de Pedagogia Eliana Aparecida Nogueira de Oliveira, de 48 anos, venceu a Covid-19 após 7 dias internada na UTI da Ala Covid na Santa Casa de Misericordia, além de outros 4 na enfermaria, em São Carlos (SP).

Esposa do diretor de serviços públicos da Prefeitura Municipal, Anderson de Oliveira, é mãe da pequena Rafaela, 8 anos. Reside com a família na rua Pernambuco, no Jardim Pacaembu. Com exclusividade, recebeu a equipe do nosso parceiro São Carlos Agora na noite dessa terça-feira (14) e contou, com riquezas de detalhes, provavelmente, a sua mais difícil batalha. “Nasci de novo, mas tive muito medo de morrer”, contou.

Publicidade

MARIDO INFECTADO

Anderson não pode fazer o distanciamento social e trabalhou normalmente desde o início da pandemia do novo coronavírus. Tomava todos os cuidados necessários, mas mantinha contato com muitas pessoas. “Ele seguia os protocolos de segurança”, garantiu Eliana. “Ainda mais por eu ser do grupo de risco. Tenho artrite reumatóide e resistência à insulina”, emendou.

Mesmo assim, chegou em casa numa sexta-feira (19 de junho) e foi dormir. “Ele estava bem, normal. Mas no sábado (20) acordou ruim. Estava com febre, dor no corpo e na cabeça. Reclamava do olfato e do paladar”, lembra Eliana. “Na segunda-feira (22) foi ao médico que suspeitou que ele poderia estar infectado. Foi colocado em quarentena e no dia 24 (quarta-feira) fez o exame e no dia seguinte o resultado positivou”, relatou.

Desde a quinta-feira, 25 de junho, passou a ser de profunda preocupação para Eliane que fez exame e constatou que estava infectada. Já da Rafaela, a filha, o exame deu negativo.

“Como sou do grupo de risco, fiquei abalada. Comecei a sentir os sintomas leves e fui até a Unidade Básica de Saúde (UBS) do Cruzeiro do Sul, de onde passei a receber ligações diárias de acompanhamento”, comentou. “Tinha febre e muita dor de cabeça”, completou.

FALTA DE AR

No dia 3 de julho Eliana afirmou que passou a sentir falta de ar e bateu o desespero e por orientação da UBS procurou a Santa Casa. Foi até o setor de acolhimento para suspeitos com Covid-19 instalado na instituição e ficou em uma espécie de UTI por quatro horas devido a baixa oxigenação no sangue. “Depois fui para a enfermaria, onde fiquei internada por três dias”.

Mas o calvário de Eliana estaria na fase inicial. Seu estado de saúde piorou e foi necessária transferência para a UTI da ala Covid.

“Não conseguia ficar sem oxigênio, mas não necessitei ser entubada. Cheguei a ouvir de um médico que minha chance de viver era mínima, pois meu estado era gravíssimo”, afirmou, salientando que os seus pulmões foram seriamente afetados pelo Sars-Cov-2.

“Hoje estou bem, mas não tenho muita força ainda. Se respirar muito rápido, sinto canseira. Então preciso ficar de repouso absoluto por três meses. Mas não corro risco de morte”, comentou.

ETERNIDADE

Na UTI, isolada, foram sete dias. “Mas uma eternidade. Tive muito medo de morrer. Nasci de novo”, resumiu, salientando que foram batalhas diárias. “Sinceramente pensei que não ia ver minha família de novo, pois além da solidão que é muito triste, lutava para respirar. Parece que em dado momento não tinha forças. Mas este sofrimento não era só para mim, mas para minha família também. Tinha que buscar forças em tudo que podia. Não precisei ser entubada e agradeci a Deus por isso, conversei muito com ele. Mas tinha hora que pensava que não ia aguentar. Fiquei muito abalada, pois sei que tenho uma filha para criar”, disse, emocionada.

LEGADO

Abatida, mas com muita vontade de viver, Eliana disse que vai tirar lições positivas desta batalha que se considera vencedora. “Pretendo ajudar quem necessita, curtir muito minha família. Cada minuto é importante. E que eu nunca mais fique infectada por uma doença tão letal. Na verdade, ninguém. Estive lado a lado com a morte”, garantiu.

AGRADECIMENTOS

Por fim, como forma de reconhecimento, Eliana agradeceu o carinho que teve dos profissionais da saúde quando necessitou. “Tanto na UBS, como na Santa Casa, foi tratada não somente como uma paciente, mas como um ser humano. Eles me deram força e me ajudaram muito. Agradeço a Deus a todos os profissionais da UBS e da Santa Casa. São anjos em forma de gente”, finalizou.

Fonte: São Carlos Agora


Comentários: