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Balada aposta em delivery para sobreviver à crise: “A gente não vai desistir”

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Douglas de Campos/Divulgação Nossa Casa

Com o isolamento social, a casa noturna Nossa Casa está sobrevivendo graças ao delivery

“A gente não vai desistir nunca”, diz a empreendedora Mirna Caires, sócia da balada Nossa Casa e do restaurante Nossa Casinha. Antes da pandemia, a balada Nossa Casa era a maior fonte de renda para os sócios.

Já o bar e restaurante Nossa Casinha é projeto mais recente deles, mas é ele que está garantindo o faturamento. Os estabelecimentos estão localizados na Vila Madalena, em São Paulo, lado a lado, na Rua Mourato Coelho.

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Com a crise gerada pelo isolamento social, o cenário inverteu e o empreendimento culinário se tornou a salvação dos empresários ao entrar no iFood. “Mesmo assim, o delivery está só cobrindo o mínimo”, diz Marina Caires, uma das proprietárias.

Atualmente, apenas o bar e restaurante Nossa Casinha funciona, em forma de delivery, e a balada Nossa Casa continua fechada. O restaurante está perto de completar um ano de funcionamento, enquanto a balada Nossa Casa fará oito. O “Casinha” surgiu para servir de apoio à balada, oferecendo petiscos e pratos brasileiros, além de bebidas.

“Agora, o gerente virou entregador, a bombeira virou caixa. A gente remanejou todo mundo, mas a maioria dos frilas não conseguimos manter”, diz Caires sobre o Nossa Casinha. “É o que está segurando um pouco a nossa onda, se não, teríamos que entregar tudo e começar do zero.”

Além da adaptação do negócio às regras de vigilância sanitária para delivery, o corte e remanejamento de funcionários, a proprietária conta que a mudança no modelo do empreendimento também foi trabalhoso.

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Divulgação/Nossa Casinha

Nossa Casinha, bar e restaurante associado ao Nossa Casa, entrou no iFood depois da pandemia

“Tivemos que aprender a divulgar o delivery. É outra linguagem. Foi a nossa dificuldade: como divulgar comida e não balada?”, expressa Caires. O cardápio do Nossa Casinha se baseia na culinária regional nordestina e foi criado pela ex-Masterchef, Mirna Gomes.

No começo, o público que pedia os pratos pelo iFood era, em maioria, o mesmo que frequentava a balada e o bar. Mas, com o tempo, os clientes se expandiram e agora há pessoas fora desse círculo que pedem as refeições pelo aplicativo.

A decisão de não reabrir o bar para o público, apesar de autorizada pela prefeitura de São Paulo, tem a ver com a insegurança diante da pandemia de Covid-19.

“Estamos vendo a situação da pandemia, que não diminuiu, e por mais que estejamos desesperados com o dinheiro, decidimos não reabrir. Vontade de abrir a gente tem. Essa escolha de se isolar e não funcionar é um investimento, um investimento pela vida. Não queremos colocar em risco a galera que frequenta aqui, que confia na nossa palavra, nem os nossos funcionários”, diz Mirna.

Nossa Casa surgiu do aperto

Marina Caires conta que o Nossa Casa surgiu como uma festa caseira, no dia 24 de julho de 2012, que se chamava “Inteira para o aluguel da nossa casa”.

Na época, Caires trabalhava na casa noturna Zé Presidente como produtora. Por morar longe do trabalho, ela e o colega Berimba – que, na época, era gerente do estabelecimento – decidiram alugar uma casa próxima à balada para terem mais conforto. Mas o aluguel era alto.

“Começamos a fazer festas em casa, para os amigos, para arrecadar dinheiro e conseguir uma renda extra para pagar o aluguel. E com o tempo, foi crescendo”. Depois disso, Marina e Berimba separaram a festa da moradia, o Nossa Casa se tornou balada, que teve dois endereços antes de chegar ao atual.

“Para manter a arte da festa viva, vamos começar a fazer lives neste mês”, conta Caires. A live do Nossa Casa vai acontecer por dez horas seguidas no Zoom e, para participar, é preciso comprar um ingresso virtual.


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