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Polícia Civil de Rio Claro prende pastor que mantinha 7 pessoas em situação de trabalho escravo

Nesta manhã de quinta-feira (15), por volta das 11h37, a equipe da Polícia Civil de Rio Claro (SP), prendeu um indivíduo em flagrante pelo crime de redução a condição análoga à de escravo, em uma antiga clinica de reabilitação no interior de um sitio, no Distrito de Itapé, no bairro Alto Cajarama, em Rio Claro (SP).

Conforme as informações do Boletim de Ocorrência, chegou ao conhecimento da equipe da Polícia Civil, por meio de do Ministério Público que, no bairro Alta Cajarama (distrito de Itapé), havia uma antiga clínica de reabilitação (Clínica da Paz) que mantinha diversas pessoas em situação degradante.

De posse dessa informação a equipe da Central de Polícia Judiciária (CPJ) composta pelo Delegado Dr. Matheus, da Escrivã de Polícia Luana e dos Investigadores de Polícia Bruna, Merino e Secco se dirigiu até o local para averiguar. Lá chegando a equipe foi recebida pelo indiciado, que é um pastor, franqueou a entrada e permitiu o trânsito pela propriedade. Ele apresentou as dependências do sítio e informou que lá não mais funcionava a clínica. Disse, ainda, que no presente ele trabalhava com reciclagem.

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O indiciado narrou que alguns antigos residentes da Clínica ainda moravam no sítio e que suas famílias teriam os abandonados. Entretanto, disse que essas pessoas não trabalhavam com reciclagem, apenas auxiliavam com os afazeres do sítio.

A equipe iniciou uma vistoria pelo local apontado como o dormitório dos residentes. Este é praticamente inabitável.

Sem ventilação, camas amontoadas e algumas sem colchões, apenas um banheiro bastante malcuidado.

Em conversa informal com os residentes, os policiais descobriram que alguns possuem deficiência mental e física. Ainda, tinham muito medo de contar o que realmente acontecia ali, sempre olhando para os lados e apontando com o olhar para o indiciado.

Diante disso, foram encaminhado para o Plantão Policial o pastor e cinco dos residentes. Sendo os residentes isolados do indiciado e, então, eles começaram a falar o que realmente acontecia no local. As narrativas caminharam no mesmo sentido. Todos disseram trabalhar de manhã até o anoitecer sem receber nenhum dinheiro pelo esforço despendido. Era dado às vítimas apenas alimentação (de qualidade ruim) e local para dormir. Uma das vítimas, a mais idosa e debilitada (anda com muita dificuldade) disse que por muitas vezes acaba dormindo sentado em uma cadeira.

Disseram que os residentes eram impedidos de sair do sítio e de manter comunicação com os familiares. Ainda, que as vítimas tinham que entregar os documentos ao indiciado (fato esse confirmado pelo delegado – os documentos ficavam com o indiciado).

Diante de todas as informações, o delegado deu voz de prisão ao indiciado, pois ficou evidente que o pastor mantinha
as vítimas em condição análoga a de escravo (artigo 149 do Código Penal), motivo pelo qual foi preso em flagrante
delito e encaminhado ao setor carcerário local, ficando à disposição da justiça.

Os órgãos de apoio municipal foram acionados, comparecendo no Plantão Policial para encontrar a melhor
solução para as vítimas (CREAS – Célia Regina; CAPS – Cristiane Aparecida; Prefeitura – Merino)

A Perícia foi acionada e compareceu no sítio afim de constatar a situação em que as vítimas eram mantidas. Com a
perícia foram os investigadores Bruna e Secco. Os investigadores levaram os últimos dois residentes para o Plantão
(como são pessoas com deficiência mental, deixaram de ser ouvidos).

Foram expedidas guias de IML para todas as vítimas.


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