Uma nova pesquisa sugere que o cocô de pinguim pode ter um papel importante no combate às mudanças climáticas. O estudo, publicado em 22 de maio, aponta que a amônia presente nas fezes dessas aves marinhas ajuda a formar nuvens na Antártida, contribuindo para a regulação do clima na região.
De acordo com os cientistas, quando a amônia liberada pelo guano (nome técnico das fezes de aves marinhas) se mistura aos gases emitidos pelo fitoplâncton no oceano, surgem partículas que dão origem às nuvens. Essas nuvens funcionam como um escudo natural, refletindo a luz solar e ajudando a manter o gelo marinho.
“O que demonstramos é que há uma conexão profunda entre os processos ecossistêmicos — a atividade do fitoplâncton oceânico e dos pinguins — e os processos atmosféricos que podem ter impacto no clima local”, explicou Matthew Boyer, pesquisador da Universidade de Helsinque, em entrevista à ABC News.
Pinguins-de-adélia como agentes do clima
Os pinguins-de-adélia são apontados como grandes emissores de amônia. O estudo indica que, ao reagir com o enxofre liberado por organismos marinhos, a substância forma aerossóis — partículas que ajudam a formar nuvens no céu antártico.
Essas nuvens têm um papel fundamental: resfriam o ambiente e protegem o gelo marinho, reduzindo a velocidade do derretimento.
Efeito contínuo das fezes
Durante dois meses de pesquisa na Base Marambio, na Antártida, os cientistas monitoraram uma colônia com cerca de 60 mil pinguins. Eles identificaram que, quando o vento soprava em direção à colônia, a concentração de amônia no ar aumentava mais de mil vezes.
Mesmo após a partida das aves, o solo permanecia rico em amônia, liberando a substância gradualmente e ajudando na formação de partículas que alimentam a neblina, mantendo a região mais fria.
Importância da preservação
Para os pesquisadores, o estudo reforça a importância da biodiversidade no enfrentamento das mudanças climáticas. “Na verdade, entender o que está acontecendo localmente na Antártida nos permite prever como as coisas podem mudar no futuro para outras regiões do planeta também”, destacou Matthew Boyer.
A Antártida exerce influência sobre as correntes oceânicas e o equilíbrio térmico do planeta, sendo um elemento-chave no combate ao aquecimento global.
