O Teatro de Contêiner Mungunzá, localizado na região da Luz, no centro de São Paulo, recebeu uma notificação extrajudicial da Prefeitura para desocupar o espaço em até 15 dias. A notificação, entregue ao coletivo Cia Mungunzá na quarta-feira (28), determina a saída do grupo da área que ocupa desde 2016.
O coletivo, responsável pela gestão do espaço, afirma que o terreno, localizado na Rua dos Gusmões, era um lote baldio sem uso público quando foi ocupado. Desde então, o espaço se tornou um dos principais polos culturais da cidade, realizando mais de 4 mil ações artísticas — 83% delas gratuitas — ao longo de nove anos.
O grupo solicita que o terreno seja destinado à Secretaria de Cultura do município, com a formalização do teatro como equipamento cultural.
“O terreno estava sem finalidade pública alguma. Ocupamos e transformamos em um dos equipamentos culturais mais importantes do país. É inadmissível desmontar esse espaço para construir mais um prédio, supostamente para habitação social, mas sabemos que se trata de um processo de higienização do centro de São Paulo”, disse o artista Marcos Felipe, do coletivo.
Além das apresentações culturais, o Teatro de Contêiner abriga coletivos, movimentos sociais, uma quadra de futebol, horta, parquinho e área de convivência.
O coletivo também relatou dificuldades em manter diálogo com o poder público. Segundo Marcos, quatro reuniões com o secretário municipal de Segurança Urbana, Edsom Ortega, foram desmarcadas. Na quarta-feira (28), Ortega teria feito um convite para reunião poucas horas antes, inviabilizando a presença do grupo.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que convidou representantes do teatro para reunião na quarta-feira, mas eles não compareceram. A administração municipal declarou que o terreno será destinado para o atendimento de famílias cadastradas em programas sociais e moradores da região, dentro do projeto de revitalização do centro da cidade.