Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP em Piracicaba, desenvolveram tomates com maior valor nutricional e mais sabor por meio da modificação do gene Samba. A técnica de edição genética aumentou o teor de compostos antioxidantes e de açúcares nos frutos.
O estudo foi publicado na revista científica Plant Biotechnology Journal e contou com a participação de instituições internacionais como o Instituto Max Planck, da Alemanha, e o Inrae Bordeaux, da França.
O que é o gene Samba
O gene Samba está relacionado ao controle do desenvolvimento das plantas. Em experimentos anteriores, mutações nesse gene em Arabidopsis thaliana – espécie usada como modelo em pesquisas – levaram ao aumento da proliferação celular, com órgãos vegetativos e sementes maiores.
Com base nessa observação, os pesquisadores da USP aplicaram a edição do gene Samba ao tomateiro da cultivar Micro-Tom. O resultado foi o surgimento de frutos mais alongados, com mudanças na morfologia, maior densidade celular no pericarpo (parede do fruto) e níveis aumentados de açúcares solúveis e flavonoides, compostos com ação antioxidante.
Técnica utilizada
A pesquisa utilizou a técnica de edição genética CRISPR/Cas9 para gerar as plantas mutantes. Foram feitas análises fenotípicas, transcriptômicas, metabolômicas e de expressão gênica ao longo das fases de desenvolvimento dos frutos.
Segundo Perla Novais de Oliveira, primeira autora do artigo, a abordagem buscou aplicar conhecimentos gerados em uma planta modelo a uma cultura agrícola de importância comercial. A proposta é contribuir para o melhoramento genético de hortaliças com características desejáveis para o consumo humano.
O projeto teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), dentro do programa Jovem Pesquisador.