O Zoológico de São Paulo comemora o nascimento de dois filhotes de sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita), espécie nativa da Mata Atlântica e classificada como “Em Perigo” na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. Filhos do casal de saguis Rolo e Scarlet, que chegou ao zoo em 2023, os filhotes são os primeiros nascidos na instituição, reforçando o trabalho de conservação da fauna brasileira.
A equipe do zoo acompanha de perto o desenvolvimento dos animais, seguindo diretrizes do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Primatas da Mata Atlântica e da preguiça-de-coleira, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). “A Scarlet tem se mostrado uma mãe dedicada, enquanto Rolo realiza a função de carregar os filhotes. Esse nascimento é um marco no nosso trabalho de preservação, consolidando a criação de uma população de segurança que pode ser reintroduzida na natureza, se necessário”, destacou Luan Moraes, biólogo chefe do setor de mamíferos.
Nativos de áreas remanescentes de Mata Atlântica em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, os saguis-da-serra-escuro desempenham papéis essenciais no ecossistema, auxiliando na dispersão de sementes e no controle de insetos. A espécie, no entanto, enfrenta ameaças significativas devido à expansão urbana, desmatamento, incêndios e competição com espécies invasoras.
A experiência do zoológico com a reprodução de espécies em extinção é extensa, com destaque para o sucesso no manejo de micos-leões. Segundo Moraes, esses esforços são cruciais para a preservação de espécies ameaçadas, criando uma reserva genética capaz de reverter o impacto da extinção em ambientes naturais.
Outro exemplo de êxito é o projeto de reintrodução da arara-azul-de-lear, espécie que enfrentava alto risco de extinção. Em parceria com o Grupo de Pesquisa e Conservação da Arara-de-lear, o zoológico atua na incubação de ovos e na criação de filhotes, integrando ações de conservação em cativeiro (ex-situ) e no ambiente natural (in-situ). “Nosso objetivo é manter uma população de segurança, que possa ser usada para repovoamento em casos de desastres naturais ou degradação ambiental, como no Pantanal”, explicou Fernanda Vaz Guida, bióloga chefe do setor de aves.
O zoológico também trabalha na conservação de espécies ameaçadas da Mata Atlântica, como a jacutinga, com algumas aves já destinadas para soltura. A estratégia de preservação se estende ainda aos anfíbios, grupo vertebrado mais vulnerável, com 40% das espécies ameaçadas. Desde 2011, o zoo mantém uma população de pererecas de Alcatraz, anfíbios endêmicos da ilha de mesmo nome. “A população de segurança criada aqui foi fundamental para que a espécie fosse reclassificada de criticamente ameaçada para vulnerável”, relatou Cybele Sabino Lisboa, bióloga chefe de herpetofauna.
Localizado em uma área de 450 mil metros quadrados de Mata Atlântica, o Zoológico de São Paulo abriga mais de 2.200 animais de 300 espécies. O local está aberto à visitação todos os dias das 9h às 17h, com bilheteria até as 16h, na Avenida Miguel Estefno, 4.241, Água Funda. Os ingressos também podem ser adquiridos pelo site do zoológico.