quarta-feira, 10 setembro, 2025
InícioJustiçaMinistro Luiz Fux acolhe alegação de cerceamento de defesa em ação sobre...

Ministro Luiz Fux acolhe alegação de cerceamento de defesa em ação sobre suposta trama golpista envolvendo Bolsonaro

FIQUE ATUALIZADO

📲 Siga nosso canal do WhatsApp, ative o "sininho" e receba informações em tempo real 📲( clique aqui)

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), acolheu nesta quarta-feira (10) a alegação de cerceamento de defesa apresentada pelos advogados dos réus da ação penal que investiga uma suposta trama golpista, que teria buscado manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022.

Fux divergiu do relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, e do ministro Flávio Dino, que na terça-feira (9) haviam votado pela rejeição de todas as preliminares suscitadas pelas defesas, incluindo a de cerceamento.

O ministro considerou que o volume expressivo de dados anexado ao processo, superior a 70 terabytes, e o tempo limitado para análise configuraram cerceamento de defesa, pois os advogados não tiveram condições de verificar integralmente as provas. Fux determinou que o processo seja anulado até o recebimento da denúncia, citando a entrega tardia e em grande quantidade de documentos, prática conhecida no direito anglo-saxão como document dumping.

“Somente em meados de maio, cerca de cinco dias antes do início das oitivas das testemunhas, a Polícia Federal disponibilizou os links de acesso para as defesas”, afirmou o ministro. “Além disso, novos arquivos foram incluídos durante a instrução, inclusive em 15 de junho de 2025.”

O ministro já havia manifestado anteriormente seu entendimento de que não seria competência do STF julgar os réus, pois nenhum deles possui foro privilegiado, caso observadas as regras vigentes à época dos fatos imputados.

Em contrapartida, o relator Alexandre de Moraes sustentou que a grande quantidade de dados anexada ocorreu a pedido das próprias defesas, embora parte dos arquivos não tenha sido útil para as investigações ou para a formação do juízo da Corte.

Julgamento

O ministro Luiz Fux é o terceiro a votar no caso e o primeiro a divergir sobre as preliminares que podem levar à anulação do processo. Na terça-feira (9), Moraes e Dino rejeitaram as questões preliminares e votaram pela condenação de todos os oito réus pelos cinco crimes apontados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

O julgamento foi retomado nesta quarta-feira pela Primeira Turma do STF, iniciado em 2 de setembro, e pode resultar em condenações por uma trama que teria atuado para reverter o resultado das eleições de 2022. As análises estão previstas para se estender até sexta-feira (12), com votos ainda da ministra Cármen Lúcia e do ministro Cristiano Zanin, presidente da Turma e responsável pela condução dos trabalhos.

Réus investigados

  • Jair Bolsonaro – ex-presidente da República
  • Alexandre Ramagem – ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)
  • Almir Garnier – ex-comandante da Marinha
  • Anderson Torres – ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF
  • Augusto Heleno – ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
  • Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa
  • Walter Braga Netto – ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022
  • Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

Crimes imputados

Todos respondem por organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, e deterioração de patrimônio tombado.

O ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, atualmente deputado federal, teve parte das acusações suspensas e responde apenas por três dos cinco crimes, conforme previsto na Constituição. A suspensão abrange as acusações de dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado, relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro.

RELACIONADOS

CATEGORIAS

últimas notícias