terça-feira, junho 24, 2025
InícioRegiãoTrio preso por deixar criança presa em barril em Campinas tem prisão...

Trio preso por deixar criança presa em barril em Campinas tem prisão preventiva decretada

FIQUE ATUALIZADO

Siga nosso canal do WhatsApp, ative o "sininho" e receba informações em tempo real ( clique aqui)

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) confirmou nesta segunda-feira (1º) que as prisões em flagrante das três pessoas por tortura de uma criança de 11 anos em Campinas (SP) foram convertidas em preventiva.

O pai do menino, a namorada dele e a filha dela foram presos em flagrante no sábado (30), após denúncia de vizinhos. PMs encontraram o garoto com as mãos e os pés acorrentados dentro de um barril de ferro – ele está internado sob a tutela de uma tia.

O caso também é acompanhado pelo Ministério Público (MP), que informou a abertura de uma investigação sobre o caso pela promotora da Infância e Juventude de Campinas Andrea Santos Souza, que ainda não vai falar sobre o caso. A investigação também vai apurar até que ponto órgãos ligados à prefeitura como o Centro de Atenção Psicossocial (Caps), Centro de Referência da Assistência Social (Cras), além do Conselho Tutelar, sabiam da situação.

O Conselho Tutelar informou, no domingo (31), que já acompanhava o caso há pelo menos um ano e e vai apurar se houve falha. A Polícia Militar foi ao local após denúncia de vizinhos. A ocorrência foi registrada na 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), no Jardim Londres. O processo vai correr em segredo de Justiça.

Ainda segundo o Ministério Público, o promotor criminal que vai ficar à frente da investigação só será definido depois que o caso for relatado pela Polícia Civil. A Promotoria vai apurar também o comportamento da família e se foram solicitadas anteriormente medidas de proteção à criança. Situações semelhantes podem ser denunciadas pelo e-mail [email protected].

Na manhã desta segunda, aconteceu uma reunião na Prefeitura de Campinas entre o prefeito, Dário Saadi (Republicanos) e os órgãos assistenciais. O chefe do Executivo solicitou que, em 24 horas, as entidades entreguem documentos sobre tudo o que já havia sido registrado sobre o caso do garoto.

“Eu me reuni com várias secretarias, de Assistência Social, de Saúde, de Justiça, para saber todo o histórico dessa criança, solicitei todos os documentos de atendimento e de acompanhamento dela, para que, de posse das informações, eu possa avaliar se vou ou não abrir um processo de investigação. É um caso que deixa a gente completamente perplexo pela crueldade e será investigado com rigor”, afirmou o prefeito.

Policiais que encontraram a vítima informaram que ela era alimentada com cascas de fruta. O menino estava nu, dentro de um tambor de metal fechado com uma telha e uma pia de mármore para evitar que ele saísse.

O vídeo do momento em que ele é encontrado mostra que a criança mal conseguia se mexer quando foi encontrada. Ele tinha a cintura, pés e mãos acorrentados. O menino estava há quase cinco dias sem comer, segundo a polícia. “Colocavam pra ele casca de banana, fubá cru”, relata o cabo Rodrigo Carlos da Silva.

A Polícia Civil acredita que ele estava acorrentado dentro do barril há um mês. “Desde o começo de janeiro já estava sendo preso no tambor. Ele teria que ficar em pé nessa amarração, que era feita com os braços presos em cima do tambor”, relatou o delegado Daniel Vida da Silva.

Ainda segundo a Polícia Civil, o pai disse em depoimento que o filho é muito agitado, agressivo e fugia de casa. Ele alegou que fez isso para educar o menino.

Caso já tinha sido denunciado

Os vizinhos disseram ainda que os maus-tratos à criança já ocorriam há anos, e apesar das denúncias ao Conselho Tutelar, o sofrimento do menino não parou. “A gente tinha conhecimento da vulnerabilidade da família, e por isso havia uma rede de apoio acompanhando, serviço social e saúde. Em nenhum momento dos relatórios do serviço que acompanhavam, chegou tamanha violência”, explicou o conselheiro tutelar, Moisés Sezion.

Sofrimento e castigo

Segundo a PM, o menino era mantido em pé no espaço onde também fazia necessidades fisiológicas. A corporação diz que foi acionada após moradores da região perceberam que o garoto havia deixado de ir para a escola e de brincar com outras crianças do bairro. Os policiais contam que entraram na casa após autorização de uma jovem de 22 anos, que é filha da namorada do pai do menino.

Os policiais usaram um corta-fios para remover as correntes e ele foi socorrido por uma equipe do Samu ao Hospital Ouro Verde, onde permanece internado e sob a responsabilidade de uma tia paterna.

Em nota, a unidade hospitalar destaca que a criança apresenta quadro de desnutrição. “O Hospital Ouro Verde informa que o paciente tem um quadro estável e continua passando por exames. Ele apresenta desnutrição e está sendo alimentado e hidratado”, diz o comunicado.

Pai pode responder por tortura

A Polícia Civil considerou que o homem aplicou violência e grave ameaça que provocaram intenso sofrimento físico e mental; enquanto que a namorada dele, uma faxineira de 39 anos, e a filha dela, que atua como vendedora, se omitiram e nada fizeram para evitar os resultados.

O delegado de plantão determinou a prisão do pai da criança e, caso ele seja denunciado e condenado, pode receber pena mínima de prisão pelo crime que varia de 2 a 8 anos. Já a namorada e a filha dela, se responsabilizadas apenas pela omissão, podem receber pena de 1 a 4 anos de detenção. A polícia arbitrou fiança de R$ 5 mil para cada uma delas, mas não há informações sobre os pagamentos.

Fonte: Beto Ribeiro Repórter

RELACIONADOS

CATEGORIAS

últimas notícias