domingo, 5 outubro, 2025
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Campinas inaugura fábrica de mosquitos com tecnologias inéditas para combater a dengue

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Um novo complexo de produção de mosquitos foi inaugurado nesta quinta-feira (2) em Campinas (SP), com o objetivo de fortalecer o combate à dengue por meio de tecnologias biológicas inovadoras. A unidade, operada pela Oxitec Brasil, terá capacidade para produzir até 190 milhões de ovos de mosquitos com Wolbachia por semana, o suficiente para proteger cerca de 100 milhões de pessoas por ano.

A fábrica também fabricará os mosquitos Aedes do Bem, capazes de reduzir em até 95% a população do Aedes aegypti em áreas urbanas. O complexo foi construído em resposta ao apelo da Organização Mundial da Saúde (OMS) para acelerar o acesso a soluções inovadoras contra doenças transmitidas por mosquitos.

A operação depende da aprovação da Anvisa, mas a estrutura já está pronta para começar a fornecer mosquitos com Wolbachia ao governo federal.

Como funcionam as tecnologias

As duas estratégias biológicas atuam de forma diferente e não podem ser aplicadas simultaneamente.

A tecnologia Wolbachia utiliza uma bactéria naturalmente presente em mais de 60% dos insetos, mas ausente no Aedes aegypti. Quando introduzida nesse mosquito, ela impede que o vírus da dengue, zika e chikungunya se replique, reduzindo a transmissão em até 75%, segundo estudos reconhecidos pela OMS e pelo Ministério da Saúde.

Já o Aedes do Bem consiste na liberação de mosquitos machos geneticamente modificados que, ao acasalar com fêmeas selvagens, produzem descendentes machos e eliminam as fêmeas antes que atinjam a fase adulta — o que reduz drasticamente a população transmissora da doença.

“O Aedes do Bem faz um controle da população, diminuindo o número de fêmeas que picam e, consequentemente, a incidência da dengue”, explicou Natalia Verza Ferreira, diretora-executiva da Oxitec Brasil.

Aplicação e cronograma

De acordo com a empresa, o protocolo ideal prevê o uso do Aedes do Bem durante a temporada mais quente e chuvosa, de outubro a maio. Dois meses depois, inicia-se a aplicação da Wolbachia, em ciclos de nove a quinze semanas, dependendo das condições climáticas.

A diretora destacou que as duas tecnologias já estão disponíveis ao Ministério da Saúde para incorporação às políticas públicas de prevenção.

“O Brasil enfrentou surtos devastadores de dengue nos últimos anos. Com o novo complexo em Campinas, estamos preparados para apoiar a expansão da Wolbachia e garantir que a tecnologia chegue rapidamente às comunidades”, afirmou Natalia.

O Ministério da Saúde considera o projeto uma prioridade. Segundo o secretário adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente, Fabiano Pimenta, a Wolbachia está em processo regulatório provisório até 2027.

“Temos total interesse em encontrar uma solução que permita disponibilizar essa tecnologia de forma segura e eficaz”, declarou.

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