segunda-feira, agosto 11, 2025
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DHT: o hormônio da calvície

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Estudos recentes revelam o papel central do hormônio DHT na queda de cabelo e apontam as soluções mais inovadoras que estão virando o jogo contra a calvície

A alopecia androgenética é a forma mais comum de queda de cabelo. Estudos indicam que até 80% dos homens apresentam sinais de calvície até os 70 anos, sendo resultado da combinação de predisposição genética com a ação do hormônio DHT, que desempenha um papel central na evolução dos casos.

Segundo a Sociedade Brasileira do Cabelo (SBC), mais de 42 milhões de homens no país já enfrentam algum grau de alopecia androgenética.

Do uso de bloqueadores hormonais a shampoos biotecnológicos e terapias a laser, o combate ao DHT está mobilizando empresas, startups de healthtech e clínicas dermatológicas em busca de tratamentos e prevenção para a calvície.

DHT: o vilão microscópico
A di-hidrotestosterona (DHT) é um hormônio derivado da testosterona. Ele se forma por meio da ação da enzima 5-alfa-redutase, que converte a testosterona em DHT principalmente nos tecidos periféricos, como couro cabeludo e próstata.

Embora seja encontrado em menor quantidade na corrente sanguínea, o DHT é extremamente potente — até 10 vezes mais ativo do que a testosterona na ligação com os receptores androgênicos.

É justamente essa alta afinidade com os receptores presentes nos folículos capilares que faz do DHT uma peça-chave no desenvolvimento da calvície.

Nos indivíduos geneticamente predispostos, a ligação do DHT a receptores andrógenos nos folículos capilares causa a miniaturização folicular, um processo que reduz a fase de crescimento dos fios (anágena) e afina progressivamente os cabelos.

A ação do DHT nos folículos é crônica e, com o tempo, causa a extinção do folículo em certas regiões como vórtex e região superior do couro cabeludo, formando a típica falha em “coroa”.

Por que ele afeta mais os homens?
Embora presente em homens e mulheres, o DHT exerce efeitos muito mais intensos nos homens. Isso porque a produção de testosterona – o hormônio de origem – é muito maior no sexo masculino.

Além disso, o couro cabeludo dos homens apresenta mais receptores androgênicos e maior atividade da enzima 5-alfa-redutase, o que amplia a conversão local de testosterona em DHT.

Durante a puberdade, esse hormônio é responsável por características como o surgimento de pelos faciais, aumento da massa muscular e engrossamento da voz. Mas, com o passar dos anos, o excesso de DHT em áreas sensíveis do couro cabeludo torna-se um fator negativo, culminando na queda capilar.

A ciência por trás da miniaturização capilar
A miniaturização é o processo biológico que transforma um fio grosso e saudável em um fio fino, frágil e quase invisível. Nos folículos geneticamente sensíveis, a ligação da DHT aos receptores androgênicos ativa proteínas como TGF-β1 e DKK-1, que inibem a via Wnt/β-catenina – fundamental para o crescimento capilar.

Essa ação reduz o tempo da fase de crescimento do fio e aumenta a fase de repouso e queda resultando em fios cada vez mais finos, curtos e ralos, até que o folículo fique atrofiado e pare de produzir cabelo definitivamente.

Tecnologias e tratamentos para combater a ação do DHT
Atualmente, os medicamentos mais conhecidos no combate à ação do DHT no couro cabeludo são a finasterida e a dutasterida.

Ambos pertencem à classe dos inibidores da 5-alfa-redutase. A finasterida age apenas no tipo 2 dessa enzima, enquanto a dutasterida atua sobre os tipos 1 e 2, oferecendo bloqueio mais amplo da produção de DHT.

Apesar de eficazes, esses medicamentos exigem prescrição e acompanhamento médico, especialmente pelos possíveis efeitos colaterais que incluem redução da libido e disfunção erétil.

Em mulheres em idade fértil, esses remédios são contraindicados devido ao risco de interferência no desenvolvimento do genital masculino no feto.

Outros bloqueadores, como a espironolactona (usada em mulheres), a bicalutamida e a clascoterona, também vêm sendo estudados por atuarem diretamente nos receptores androgênicos, competindo com o DHT e impedindo a ação do hormônio sobre o folículo.

Cosmecêuticos e dermocosméticos de alta performance
Além das abordagens tradicionais, a indústria cosmética também tem inovado no combate à queda de cabelo causada pelo DHT.

Os cosmecêuticos, que são produtos que ficam entre o cosmético e o medicamento, utilizam ativos naturais como saw palmetto e cafeína, que demonstram capacidade de inibir a ação da 5-alfa-redutase, ainda que com menor potência que os fármacos tradicionais.

Esses produtos são geralmente de uso tópico e podem ser usados como coadjuvantes nos tratamentos farmacológicos, com a vantagem de apresentarem menos efeitos adversos.

Há ainda a oferta de tônicos, shampoos e séruns com formulações que incorporam ativos com potencial estimulante capilar, embora com eficácia ainda em avaliação científica. Nesse contexto, as fórmulas com minoxidil ainda são as mais respaldadas e confiáveis.

Terapias não-invasivas: laser, microagulhamento e PRP
Além dos medicamentos e cosméticos, terapias não-invasivas têm ganhado espaço no tratamento da calvície androgenética.

A fotobiomodulação (ou LEDterapia), por exemplo, é aprovada pela FDA e utiliza luz vermelha de baixa intensidade para estimular a circulação sanguínea no couro cabeludo, promover a regeneração celular e modular citocinas inflamatórias, promovendo melhora da estética capilar sem alterar os níveis de DHT diretamente.

O microagulhamento é outra técnica promissora, que estimula a liberação de fatores de crescimento e facilita a absorção de ativos aplicados na pele.

Já o PRP (plasma rico em plaquetas) consiste na aplicação do plasma extraído do sangue do próprio paciente, rico em fatores de crescimento, para ativar o ciclo de crescimento dos fios.

Inteligência artificial na prevenção da calvície
A revolução digital também chegou aos tratamentos capilares. Startups de healthtech e clínicas especializadas têm utilizado inteligência artificial (IA) para mapear padrões de perda capilar, prever a evolução da calvície e personalizar tratamentos com base no perfil genético e hormonal do paciente.

Ao identificar o padrão individual de evolução da calvície, tais técnicas viabilizam intervenções precoces e assertivas, além de aumentar a eficácia dos tratamentos ao mesmo tempo que reduz custos.

Apesar de não oferecer riscos à saúde, a calvície deve ser tratada com seriedade, especialmente pelos impactos na saúde emocional e autoestima dos pacientes. O acompanhamento especializado é fundamental para definição de abordagens terapêuticas seguras e eficientes, inclusive com uso combinado de terapias tradicionais com novas abordagens.

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