sábado, agosto 9, 2025
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Estudo brasileiro identifica genes que predizem resposta à imunoterapia em pacientes com melanoma

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Pesquisadores brasileiros desenvolveram uma ferramenta capaz de prever quais pacientes com melanoma avançado podem não responder à imunoterapia, tratamento que estimula o sistema imunológico a combater o câncer de pele. O estudo, realizado no Hospital de Amor, em Barretos (SP), identificou quatro genes associados à resistência ao tratamento, o que pode ajudar a personalizar terapias e reduzir custos no Sistema Único de Saúde (SUS).

O melanoma representa cerca de 4% dos tumores de pele, mas é o tipo mais agressivo e com maior potencial de metástase. No Brasil, são registrados aproximadamente 9 mil casos e quase 2 mil mortes por ano, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). A imunoterapia, especialmente o bloqueio da proteína PD-1, é a principal abordagem para casos avançados, mas entre 40% e 60% dos pacientes não respondem bem ao tratamento e podem apresentar efeitos colaterais.

O estudo analisou amostras tumorais de 35 pacientes tratados entre 2016 e 2021, cruzando os dados com um painel de 579 genes relacionados ao sistema imunológico. Foram identificados os genes CD24, NFIL3, FN1 e KLRK1, cuja alta expressão está fortemente ligada à resistência à imunoterapia. Pacientes com esses genes expressos em níveis elevados apresentaram risco 230 vezes maior de não responder ao tratamento e menor taxa de sobrevida global após cinco anos.

A pesquisa mostrou que esses genes atuam em mecanismos que permitem ao tumor escapar da resposta imune. Por exemplo, CD24 funciona como um checkpoint imunológico, enquanto FN1 está relacionado à progressão tumoral. O gene KLRK1, envolvido na ativação de células imunes, pode ter sua função comprometida, e NFIL3 contribui para o escape do sistema imune.

Os resultados foram validados com dados de duas coortes internacionais, confirmando a eficácia da assinatura genética para prever resposta ao tratamento. O uso da tecnologia NanoString, mais acessível que o sequenciamento tradicional de RNA, facilita a aplicação clínica da ferramenta.

Além disso, a assinatura genética mostrou-se útil também em estágios iniciais da doença, podendo orientar decisões terapêuticas desde o diagnóstico. A equipe está em processo de patenteamento da tecnologia, com o objetivo de desenvolver um painel comercial que avalie a probabilidade de sucesso da imunoterapia antes do início do tratamento. Isso pode otimizar os recursos do SUS, evitando gastos elevados com tratamentos ineficazes, que podem custar entre R$ 30 mil e R$ 40 mil por mês.

Apesar do número limitado de pacientes no estudo, os pesquisadores destacam que os resultados são inéditos para a população brasileira e apontam para avanços na oncologia personalizada. O próximo passo inclui ampliar a pesquisa para validar os dados e estabelecer parâmetros clínicos para uso da ferramenta.

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