domingo, 19 outubro, 2025
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Estudo da Unesp revela que exercícios físicos de longa duração fortalecem o sistema imunológico de idosos

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Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), com apoio da FAPESP e colaboração internacional, descobriram que a prática regular de exercícios de longa duração — conhecidos como endurance — pode “treinar” o sistema imunológico e torná-lo mais eficiente contra inflamações e doenças. O estudo, publicado na revista Scientific Reports, analisou o comportamento das células de defesa de idosos com histórico de atividades físicas prolongadas, como corrida, ciclismo, natação, remo e caminhada.

Os resultados mostraram que essas pessoas apresentavam células imunes mais adaptáveis, menos inflamatórias e com melhor desempenho metabólico. O grupo de pesquisadores observou que o exercício físico regular promove mudanças duradouras no funcionamento das células natural killer (NK), um tipo de linfócito responsável por destruir células doentes, como as infectadas por vírus ou cancerígenas.

Exercício físico e envelhecimento celular

Segundo a pesquisadora Luciele Minuzzi, da Universidade Justus Liebig (Alemanha), e integrante do grupo da Unesp, o trabalho foi motivado por estudos anteriores que mostraram os efeitos negativos do sedentarismo e da obesidade no envelhecimento precoce das células de defesa. “Queríamos entender o outro lado — se o exercício de longa duração poderia manter o sistema imunológico ativo e eficiente em pessoas mais velhas. E foi exatamente o que observamos”, explicou.

A equipe analisou amostras de nove indivíduos com média de 64 anos, divididos entre sedentários e praticantes de endurance há mais de 20 anos. As células dos atletas apresentaram melhor desempenho diante de desafios inflamatórios e demonstraram uso mais eficiente de energia, sugerindo um “condicionamento” do sistema imunológico.

Células mais resistentes e equilibradas

Os testes laboratoriais mostraram que as células NK dos idosos ativos eram menos propensas à exaustão celular e apresentavam maior controle metabólico. Mesmo quando expostas a medicamentos bloqueadores das vias de sinalização — como o propranolol, que interfere na resposta adrenérgica, e a rapamicina, que inibe o crescimento celular —, as células dos idosos treinados mantiveram sua função de defesa, ao contrário das de indivíduos sedentários.

Esses resultados indicam que o treinamento físico prolongado promove adaptações “imunometabólicas” protetoras, tornando as células mais maduras e resistentes a estímulos inflamatórios.

Resposta inflamatória mais controlada

Em uma etapa complementar do estudo, os pesquisadores compararam a resposta imunológica de atletas jovens e atletas masters (com mais de 50 anos e décadas de prática esportiva). As análises mostraram que, diante de estímulos inflamatórios, os atletas mais velhos apresentaram uma reação mais equilibrada e menos intensa do que os mais jovens.

“Como treinam há muitos anos, os atletas masters estão acostumados a lidar com processos inflamatórios leves e repetidos, o que parece ensinar o corpo a responder de forma mais controlada”, explicou Minuzzi.

Implicações para o envelhecimento saudável

De acordo com o professor Fábio Lira, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp, o estudo reforça que o exercício físico é um fator determinante para a saúde imunológica, ao lado de hábitos como sono adequado, boa alimentação e vacinação.

“O sistema imunológico de pessoas fisicamente ativas parece manter a capacidade de reagir quando necessário, mas sem exageros inflamatórios. Essa regulação é essencial para o envelhecimento saudável, pois respostas inflamatórias desordenadas estão associadas a diversas doenças crônicas”, concluiu o pesquisador.

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