Uma vacina experimental desenvolvida para o tratamento de câncer de intestino e pâncreas apresentou resultados promissores ao impedir o retorno da doença em pacientes com alto risco de recidiva. O estudo foi publicado na revista científica Nature Medicine e conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia (UCLA).
Segundo os cientistas, o imunizante, chamado ELI-002 2P, provocou respostas imunológicas duradouras em tumores considerados agressivos. Em alguns pacientes, a vacina ajudou a manter o corpo livre da doença por mais tempo do que o esperado, superando as taxas históricas de sobrevida.
O diferencial da vacina é que ela não precisa ser personalizada. Diferente de outros tratamentos, o imunizante é pronto para uso, podendo ser aplicado em diferentes pacientes. Ele atua sobre mutações do gene KRAS, presentes em 90% dos casos de câncer de pâncreas e em cerca de 50% dos cânceres colorretais. A aplicação é feita diretamente nos gânglios linfáticos, estimulando células T, responsáveis pela defesa do organismo.
O estudo
O ensaio clínico de fase 1 envolveu 25 pacientes, sendo 20 com câncer de pâncreas e 5 com câncer colorretal. Todos já haviam passado por cirurgia e apresentavam risco de recidiva, detectado por fragmentos de DNA tumoral no sangue.
Os participantes receberam uma série de injeções e foram acompanhados por cerca de 20 meses. Os resultados mostraram que 84% desenvolveram células T específicas contra o KRAS, e em alguns casos houve desaparecimento de biomarcadores do câncer. Além disso, 67% dos pacientes apresentaram resposta também contra outras mutações relacionadas ao tumor.
Sobrevida
De acordo com os pesquisadores, a sobrevida livre de recidiva foi de 16,33 meses, enquanto a sobrevida global mediana chegou a 28,94 meses, números considerados acima da média para esses tipos de câncer.
“É um avanço importante, especialmente no câncer de pâncreas, onde a doença quase sempre retorna após o tratamento”, afirmou o professor Zev Wainberg, autor principal do estudo.
Próximos passos
A próxima etapa será a realização de um ensaio clínico de fase 2, com um número maior de pacientes, para confirmar a eficácia e avaliar a possibilidade de uso em larga escala.