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Veterinário do Canil Municipal explica os procedimentos registrados e afirma não ter havido maus tratos e negligência

"Sou apaixonado pelos animais e dediquei boa parte da minha vida a eles. As denúncias não são verdadeiras e logo tudo será esclarecido pelas autoridades"

Policia Militar Ambiental e Promotor de Justiça do Meio Ambiente estiveram no Canil e não constataram irregularidades

Na noite desta segunda-feira (4), estivemos na casa do veterinário do Canil Municipal, Murilo Lautenschlager, que sofreu denúncia de possíveis maus tratos a animais atendidos pela instituição no mês de julho. Na ocasião, foram esclarecidos os procedimentos registrados por câmeras de segurança, utilizados como provas das acusações feitas pela ONG “Guardiões dos Animais de Rio Claro”.

Murilo se mostrou entristecido com a repercussão negativa que as imagens divulgadas geraram quanto aos serviços prestados pelo Canil aos animais carentes de Rio Claro, vítimas de maus tratos, abandono e atropelamentos. “A maneira como tudo foi interpretado não condiz com o trabalho realizado. O impacto que as imagens e a denúncia causaram na comunidade, de certa forma, inibiram os motivos pelos quais nós precisamos realizar a contenção de alguns animais para dar início aos procedimentos cirúrgicos. São cães e gatos de rua, que não estão familiarizados com o contato humano, são arredios, e logo que chegam até nós, possuem um comportamento muito diferente dos que temos em nossas casas”, comenta.

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Um dos vídeos utilizados como prova de acusação de maus tratos, foi o de uma gata sendo imobilizada para a aplicação de sedativo para a iniciação da cirurgia de castração. O veterinário nos explicou que se tratava de um felino agressivo e, nestes casos, a contenção é adotada para proteger o examinador e a integridade física do animal. Murilo menciona que em momento algum a gata foi alavancada, rodopiada ou recebeu golpes como chutes e tapas, foi apenas suspensa pela guia que estava entre o membro torácico e o pescoço, a cerviz. “A gata estava muito estressada, havia me mordido e unhado meus braços enquanto eu a segurava para aplicar o sedativo. Após sedada, deixei de dar atenção durante um período para poder lavar meus ferimentos, foi quando ela caiu tentando fugir e rapidamente a suspendi de volta para mesa pela correia, pois provavelmente ela me atacaria novamente caso tentasse segura-la com as mãos”, explica.

“Sou apaixonado por animais e dediquei boa parte da minha vida a eles. As denúncias não são verdadeiras e logo tudo será esclarecido pelas autoridades”

Outras imagens que chocaram a população foi a de uma cadela de cor preta, que aparece com parte do intestino para fora. Segundo Murilo, o animal havia sido castrado na tarde anterior da gravação do vídeo e que se desvencilhou dos equipamentos de segurança utilizados no pós-operatório durante a noite e rompeu os pontos. “Não negligenciamos tratamento adequado no caso da cadela que aparece nas gravações, muito pelo contrário, ela havia sido atendida, tinha sido castrada e recebido todos os cuidados. Durante a madrugada, a cachorra conseguiu tirar o colar elisabetano (abajur), assim como a roupa cirúrgica e veio a romper os pontos da musculatura e da pele. Isto é um caso atípico, mas infelizmente aconteceu”, diz.

Durante a entrevista, o veterinário fez questão de apresentar as estatísticas do canil que apontam uma melhora expressiva após os projetos implantados pelo profissional durante três meses, de março a junho, como Gerente de Atendimento do Departamento de Proteção Animal. “Desde que foram implantadas medidas sugeridas por mim, foram atendidos, testados e receberam alta mais 210 de animais. O índice de mortalidade foi reduzido em 85% e a adoção teve um aumento de 90%. Isso reflete um trabalho sério”, comenta.

Investigações

As denúncias mobilizaram ações investigativas por parte da AOB de Rio Claro, prefeitura e Ministério Público, que vão averiguar se os procedimentos registrados nos vídeos são realmente necessários e se a equipe do Canil agiu de maneira correta.

Por solicitação do MP, equipe da PMA esteve no Canil Municipal na tarde da última segunda-feira (5) e de acordo com o relatório da visita, não foram encontradas irregularidades. “No local, a equipe realizou vistoria Ambiental nas dependências do canil, sendo verificado que aparentemente todos os animais ali existentes estão recebendo os devidos cuidados necessários, aparentando estarem sadios, sendo observado também que todos possuem alimentação farta, água, abrigo, espaço adequado e limpo, em baias individuais”.

O Promotor de Justiça do Meio Ambiente, Dr. Gilberto Porto Camargo, conversou com os funcionários do canil e também esteve no local com o objetivo de verificar possíveis problemas no funcionamento do Canil. Segundo Dr. Carmago, não foram constatadas anormalidades. “Quanto a denúncia de maus tratos, o fato será investigado na esfera penal”, salienta Camargo.

O PMA, Tenente Jatoba, Comandante do 3º Pelotão de Policiamento Ambiental de Rio Claro, comentou que periodicamente são realizadas visitas para fiscalizar o trabalho desenvolvido e as instalações do Canil. “A última visita ocorreu no começo do mês de agosto deste ano e não foram encontrados indícios de maus tratos ou qualquer outro tipo de problema”, diz.


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