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China confirma Jinping superpoderoso e ex-presidente é retirado de forma enigmática

Durante encerramento do Congresso do PC Chinês, Hu Jintao foi levado do palco aparentemente à força – veja as imagens

Christian Shepherd,
The Washington Post 

Uma reunião das principais autoridades chinesas neste sábado (22) foi concluída com a confirmação de pelo menos mais 5 anos e superpoderes ao presidente Xi Jinping, consagrado com status de “núcleo” na carta do Partido Comunista. Ao mesmo tempo, seu principal ex-rival político se aposentou e seu antecessor foi escoltado para fora do palco em uma surpreendente quebra do protocolo.

Cerca de 2.300 delegados na cerimônia de encerramento do 20º Congresso Nacional carimbaram a visão política de Jinping, as emendas à constituição do partido e um novo Comitê Central de cerca de 200 membros em tempo integral que liderarão a China pelos próximos cinco anos. Todos foram aprovados por unanimidade por meio de um levantamento de mãos seguido de gritos confirmando nenhuma objeção.

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A demonstração coreografada de unidade foi prejudicada por uma ruptura inesperada do programa, quando o ex-secretário-geral do partido, Hu Jintao, foi abruptamente levado por assessores. O homem de 79 anos, como a maioria dos líderes chineses aposentados, raramente aparece em público, e por isso seu cabelo grisalho e sua aparência visivelmente frágil na abertura do congresso se tornaram um ponto de discussão para os analistas do governo de Pequin.

Como membro do presidium dos anciãos do PC chinês, Hu sentou-se durante toda a cerimônia de abertura ao lado do atual presidente e esperava-se que fizesse o mesmo no último dia. Em vez disso, logo após jornalistas estrangeiros entrarem no salão, dois homens de terno o ajudaram a se levantar e o guiaram para fora do palco, deixando uma cadeira vazia à esquerda de Xi.
Veja imagens:

O vídeo do incidente inexplicável feito pela agência de notícias France-Presse mostra um Hu possivelmente hesitante ou confuso, primeiro trocando palavras com os homens que tentam retirá-lo e Xi Jinping. Depois de ficar de pé, ele se contém, dá alguns passos lentos, e então se vira para dizer algo a Xi, que assente brevemente, para em seguida continuar olhando para os delegados reunidos.

Hu, que governou a China de 2002 a 2012, acabou saindo depois de colocar a mão no ombro do primeiro-ministro Li Keqiang, seu protegido, e, para muitos, opositor a Jinping, além de ex-candidato ao cargo mais alto do partido.

A mídia estatal chinesa não explicou -ou mesmo mencionou -a partida antecipada. A China considera a saúde e a vida pessoal dos principais líderes do partido um segredo de Estado. Mas a cena incomum, que ocorreu no meio da cerimônia, levou os observadores a questionar o que poderia ter exigido o desvio do roteiro. No último congresso em 2017, o ex-líder Jiang Zemin permaneceu presente até o final da cerimônia.

A saída de Hu acontece quando Xi, de 69 anos, prepara o cenário para ser formalmente ungido no domingo como o líder supremo da China por pelo menos mais cinco anos. As revisões da carta do partido adicionaram novos slogans da era Xi, que em essência dizem que ele e sua ideologia são o “núcleo” do partido e sua autoridade deve ser protegida.

A aposentadoria de um questionador

Formalmente classificado número 2 líder na última década, Li Keqiang, o primeiro-ministro de saída, foi visto por alguns analistas políticos chineses como um questionador do poder de Xi. Como Hu Jintao, ele subiu na hierarquia da Liga da Juventude Comunista, que era uma rede importante na política chinesa antes que as campanhas anticorrupção de Xi Jinping enfraquecessem sua influência. Apesar de ter sido marginalizado por Xi, Li manteve sua reputação de tecnocrata competente e simpático à abertura aos negócios privados.

Mas Li não estará no novo Comitê Central, informou a emissora estatal China Central Television no sábado. Isso significa que é quase certo que o homem de 67 anos se aposentará, apesar de não ter atingido o limite informal de 68.

A composição final do Politburo de 25 membros e seu Comitê Permanente de sete membros, o ápice do poder decisório na China, será revelado no domingo. Como foi o caso em 2017, não se espera que um sucessor designado esteja entre a nova formação.

Nenhuma explicação oficial sobre as imagens

O governo chinês não fez nenhuma declaração sobre o incidente gravado e que corre o mundo. Mas a agência de notícias Xinhua disse que Jintao sentiu-se mal. O Congresso, celebrado em Pequin a cada 5 anos, é especialmente marcante este ano porque consolida Jinping como o líder mais poderoso da China desde Mao Tse Tung.

As imagens de Jintao sendo escoltado do cenário atraíram a atenção do mundo, enquanto se tenta entender o que ocorreu exatamente. Por enquanto, há muitas perguntas sem resposta.

Apesar da agência de notícias oficial ter dito que o ex-presidente sentiu-se mal, Jintao parecia resistir a deixar seu assento. As duas possibilidades que ocorrem à maioria dos analistas neste primeiro momento é que ele teria sido retirado à força por alguma discordância com o atual mandatário. Ou, então, que esteja com graves problemas de saúde e de compreensão e que tenha sido acometido por alguma crise naquele momento.

Jintao, saúde frágil

Já no primeiro dia do Congresso, Jintao desmontrava fragilidade e teve que entrar no ambiente com a ajuda de um funcionário.

Mas, se teve que sair por problemas de saúde, por que isso ocorreu de forma tão repentina? E por que o governo chinês, sempre tão preocupado com as imagens do país que são enviadas ao mundo, permitiu que aquilo fosse gravado e distribuído?

Outro detalhe curioso das imagens é que altos funcionários à mesa, à esquerda de Jintao, demonstram preocupação pela situação do ex-presidente. Li Zhanshu, a seu lado, aparentemente tenta ajuda-lo a levantar. Mas o outro, Wang Huning, a seu lado, o contém, com o se dissesse, não se meta nisso.

Caso o motivo da saída tenha sido divergências entre os dois presidentes, um ponto a destacar é que Jintao teve um governo de dois mandatos mais amigável em relação ao Ocidente e marcou a aceleração da abertura da China ao mundo. Jinping, diferentemente, tem demonstrado recrudescimento de posições chinesas, ao reafirmar sua política de incorporação de Taiwan e de apoio a Putin, na invasão à Ucrânia.

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